TRANSMÍDIA: Combinando mídias para chegar aos consumidores

Posted by Breno Ricardo | | Posted on 22:11

Daniel tem trinta e poucos anos, gosta de cozinhar e reunir os amigos em casa. Boa-praça e boa-pinta, é daqueles sujeitos que os outros “caras” gostam de ter como amigo e as mulheres, como namorado. Prova dessa popularidade é que em poucos dias ele reuniu mais de 100 amigos no Facebook e 200 seguidores no Twitter, sem falar nos milhares de acessos a seus vídeos no YouTube. Mas o que chama a atenção nessa história é que Daniel não existe. Ele é um personagem criado para a Whirlpool divulgar a marca Brastemp e um dos melhores exemplos da transmídia, um conceito que está redesenhando os negócios de mídia e publicidade.

“A transmídia ainda engatinha no Brasil, mas é a palavra de hoje nos Estados Unidos”, diz Marcelo Tripoli, presidente da agência de publicidade digital iThink.

Basicamente, trata-se da criação de conteúdo – uma série de TV, um desenho animado, um filme de cinema – criado desde a origem para ter vida própria em vários meios diferentes. A ideia é fazer o cruzamento entre todas as mídias disponíveis, das mais tradicionais, como a TV e o rádio, até as mais recentes, a exemplo da internet, do telefone celular e dos jogos de videogame.

crossmediaNa busca pela transmídia – que muitos preferem chamar de multiplataforma – a Discovery Communications chegou até um dos meios mais antigos de que se tem notícia: o teatro. A companhia americana já levou aos palcos de São Paulo e do Rio uma peça com o cãozinho Doki. Originalmente uma espécie de mestre-de-cerimônias do canal Discovery Kids, o personagem acabou ganhando uma série própria na TV paga, além de virar tema jogos on-line, vídeos disponíveis na internet e material educativo. “O conceito [da transmídia] já existia, mas com a internet ganhou força”, diz Fernando Medin, presidente da Discovery no Brasil.

Para superar esse desafio, as empresas tem investido cada vez mais numa estratégia que tem nome em inglês – “storytelling” – mas é uma velha conhecida de qualquer um que já ansiou ouvir a história dos três porquinhos antes de dormir quando criança: transformar o intervalo comercial em uma história na qual as pessoas tenham interesse de acompanhar.

O “storytelling” entra no jogo como a maneira mais eficiente de criar esse guarda-chuva ao redor da marca. O personagem Daniel, da Brastemp, é um exemplo. “Tínhamos 17 itens da linha ‘Gourmand’ [para anunciar], mas não queríamos comunicar só o produto. Queríamos era falar com o público que gosta de cozinhar”, diz Daniela Cianciaruso, da gerente-geral de marketing da Whirlpool. A decisão foi criar uma série de sete episódios, de dois minutos cada um. Na web, o seriado ganhou desdobramentos em blogs e vídeos.

Daniel não é o único de sua espécie. A Fiat ganhou um empurrão transmídia do ex-piloto Tony T. Interpretado por um ator brasileiro de 2,10 metros de altura, na ficção ele era um milionário que veio ao Brasil selecionar pilotos para sua escuderia. A campanha teve um de seus pontos altos numa prova da edição passada do Big Brother Brasil, acompanhada por 32 milhões de pessoas. Na web, 170 mil pessoas se candidataram ao jogo on-line que levaria o escolhido para o mundo (de mentirinha) das corridas profissionais.

Já a Philips escolheu um piloto real – Nico Rosberg, então na AT&T Williams -, mas o envolveu numa trama fictícia. Na história, o capacete de Rosberg desaparece misteriosamente em São Paulo, o que dá início a uma corrida para encontrá-lo. Os participantes tentavam achar o capacete por meio das imagens de uma câmera que supostamente mostrava, ao vivo, os locais para onde ele era levado. “O retorno foi incrível”, conta Gabriel Aleixo, diretor de marketing e serviços da Philips. O sumiço ganhou chamada em um noticiário da ESPN e virou tema de contas no Twitter e vídeos no YouTube, muitos deles feitos pelos fãs.

[fonte: valor econômico]

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